quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A ATUALIDADE DOS CONSELHOS PAULINOS



A ATUALIDADE DOS CONSELHOS PAULINOS – Ev. José Costa Junior

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O assunto desta lição diz respeito à atualidade dos conselhos paulinos. Talvez a melhor introdução a este tema bíblico seja outra epístola que Paulo escreveu —a carta aos Gálatas. Negativamente falando, seu propósito maior nessa epístola foi lidar com o que ele chamou de "outro evangelho" — “o qual, disse ele, não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo" (Gl 1: 6,7). No lado positivo, o maior interesse de Paulo era reafirmar nas mentes dos Gálatas qual era o verdadeiro evangelho.

Qual era a diferença? Como podemos distinguir entre os dois? Como é que se reconhece um evangelho falso— uma religião falsa comparada com o evangelho verdadeiro de Cristo?

Em resumo, Paulo responde a estas perguntas em uma breve seção da carta aos Filipenses. Obviamente, como indicam os parágrafos anteriores desta epístola, os cristãos Filipenses não estavam tendo o mesmo problema dos gálatas. Mas, na opinião de Paulo, estar prevenido é estar armado de antemão. Assim, ele preveniuestes cristãos a que também estivessem em guarda.

Como cristãos, devemos ser participantes no evangelho, unidos pelo evangelho e viver pelo evangelho. Devemos por de lado ambições egoístas e disputas insignificantes para preservar a nossa harmonia, para que possamos nos unir em volta de nossa mensagem e propósito únicos, e para que possamos efetivamente apresentar o direto e inflexível evangelho a essa geração desonesta e sem moral.

Contudo temos que tentar manter a harmonia em nossa comunidade a todo custo, porque o único fundamento sério para a unidade é uma teologia bíblica comum. Temos que por de lado nossas diferenças pessoais pelo bem do evangelho sem ignorar as nossas diferenças teológicas. Se não existe unidade teológica, então não há verdadeira unidade. Por outro lado, se a teologia que afirmamos não é consistente e compreensivelmente bíblica, então qualquer unidade à sua volta é ilusória e inútil. Teologia é a coisa mais importante em uma comunidade, porque é a teologia que define a comunidade e seu propósito, em primeiro lugar. No Jornal Mensageiro da Paz/CPAD, Nº 1515, Agosto/2011, p 6., está registrado o credo religioso da Assembléia de Deus no Brasil, onde na crença dessas afirmações teológicas, nos identificamos como comunidade evangélica.

Portanto, além de praticar a abnegação para preservar a unidade da nossa comunidade em volta de uma teologia bíblica, devemos guardar a nossa teologia contra a corrupção, para que os próprios alicerces da nossa comunidade não sejam destruídos. A falsa doutrina pode se espalhar como gangrena se for deixada sem controle (II Tm 2:17), como “um pouco de fermento leveda toda a massa”(Gl 5:9). Os líderes da igreja devem prevenir a corrupção doutrinária ensinando regularmente a doutrina bíblica ao povo, e repetidamente alertando-os quanto à falsa doutrina. Isso sumariza seus deveres primários.

Mas uma vez que os líderes da igreja identificarem a intrusão de falsa doutrina na comunidade, e se a persuasão com gentileza falhar em corrigir isso, então eles devem repreender duramente os transgressores na esperança de que eles possam retomar a saúde na doutrina e prática (Tt 1:13). Se os transgressores se recusarem ao arrependimento, então os líderes têm que removê-los da comunidade da igreja (ITm 1:20). As Escrituras condenam como cúmplices aqueles que receberem ou apoiarem hereges.

Paulo não diz que hereges são meramente aqueles com uma “perspectiva diferente”, nem ele fala alguma coisa absurda como Deus revelar verdades a pessoas de diferentes persuasões religiosas, de forma que nosso entendimento total aumentaria se simplesmente nos uníssemos numa troca e diálogo amigáveis. Ele não diz que deveríamos ser “mente aberta e tolerantes”, ou que deveríamos“celebrar a diversidade”. Ele não fala essas coisas! Antes, aqueles que se opõe ao verdadeiro evangelho são cães, e sobre esse grupo de hereges em particular, com referência a circuncisão, ele escreve: “Quanto a esses que os perturbam, quem dera que se castrassem” (Gl 5:12).

O objetivo deste estudo é trazer algumas informações, colhidas dentro da literatura evangélica, com a finalidade de ampliar a visão do sobre a atualidade dos conselhos paulinos. Não há nenhuma pretensão de esgotar o assunto ou de dogmatizá-lo, mas apenas trazer ao professor da EBD alguns elementos e ferramentas que poderão enriquecer sua aula.

A ALEGRIA DO SENHOR

Paulo, ao escrever os pequenos quatro capítulos de uma carta aos filipenses, usou 16 vezes a palavra “alegria” com o sentido de“regozijo”. Isto deve nos impressionar, porque aponta para a alegria como lugar de importância espiritual na vida cristã. Compreender a origem dessa alegria e a forma como ela se manifesta em nossa vida, é um importante destaque para hoje. Pelo viver alegre, identificamos a autenticidade da nossa fé em Jesus.

Importante, então, é buscar o sentido dessa palavra. Não estamos falando do que conhecemos por felicidade, mas sim de algo que brota do nosso interior e que não se deixa abalar por circunstância alguma. Um exemplo para nos ajudar é olhar para o que acontece lá no fundo do mar. Mesmo que haja tempestades na superfície, enormes ondas a balançar as embarcações, se um mergulhador descer alguns metros vai encontrar águas calmas, peixes se alimentando e a vegetação em crescimento. Na superfície, tumulto. Nas profundezas, paz. Assim é a alegria que Jesus nos prometeu e que brota do relacionamento com Ele.

Finalmente, meus irmãos, alegrem-se no Senhor” (Fp 3:1), conselho que se estende a todos os leitores da epístola, ou seja, a nós. Como fazer para identificar esta alegria, que nos foi concedida juntamente com a presença do Espírito Santo? Vamos apontar algumas idéias, sem a pretensão de esgotar o assunto. Cada um pode e deve aumentar esta lista e compartilhá-la com aqueles que o cercam.

Em primeiro lugar, a alegria brota quando nos libertamos da idéia de que temos que ter alguma coisa ou fazer alguma coisa para obtê-la. Vejamos o exemplo do apóstolo Paulo, que ainda estava rodeado de judeus que defendiam a idéia de que era necessário à circuncisão para complemento da salvação. Paulo, nesta carta, identificou uma série de elementos que ele possuía e que não eram essenciais à vida cristã. “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo” (Fp 3:7)

Em segundo lugar, se quisermos ser alegres devemos ser “achados” em Cristo. Em 3:9 lemos: “e ser achado nEle, não tendo justiça própria, que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé”.Para explicar bem este ponto, que “é o cerne da doutrina paulina de salvação em Cristo”, o Dr. Russell Shedd nos traz uma boa ilustração. Um mendigo, certa vez, quando perambulava na margem de um rio, caiu na água profunda. Passava por ali um homem que, ao vê-lo naquela situação de perigo, largou seus pertences de lado e salvou-lhe a vida. O mendigo, alcoolizado, tentava agradecer àquele homem com palavras de “muito obrigado” e coisa semelhante. O homem buscou um cartão onde havia seu endereço e disse ao ainda alcoolizado: se precisar de alguma coisa, dirija-se a este endereço. Cessado o efeito do álcool, o mendigo sentiu muita fome.

Procurou por comida, sem êxito, mas, ao revirar o bolso para ver se encontrava dinheiro, segurou o cartão recebido. Olhou o endereço e em pouco tempo estava diante de uma enorme e linda casa. Tocou a campainha e um empregado o recebeu, com um sorriso. Entrou e, ainda deslumbrado com o que o rodeava, encontrou o homem que havia caído no rio para salvá-lo. O homem estendeu-lhe a mão e, com um sorriso, disse: você deve estar querendo um café. Providenciou uma farta refeição, ofereceu-lhe roupas limpas, banheiro para uma higiene perfumada e, em seguida, falou: se você quiser ficar algum tempo aqui, pode usar o quarto de hóspedes. Que maravilha! Uma pessoa que nunca havia possuído uma casa, de repente se encontra com todo aquele conforto. Havia mais: o anfitrião sempre tinha tempo para conversar com ele, parecia nunca ter pressa. Passavam muito tempo trocando idéias, simplesmente tendo comunhão.

Com todo este apoio, o ex-mendigo se recuperou dos vícios e desejou trabalhar. Um dia, alguém se aproximou dele e quis saber o que ele fazia naquela linda casa. A resposta foi: estou conhecendo aquele que me salvou a vida. Nesta resposta está o ponto que Paulo quis que soubéssemos. Um dia, Jesus nos salvou a vida. Se você ainda não sabe do que estou falando, refiro-me ao dia em que, ao reconhecer em Jesus Cristo o próprio Deus, o convidei a ocupar a minha vida e a me levar a Deus. Pois bem, nesse dia Jesus veio a ser o nosso salvador, aquele que arrancou de mim a impossibilidade de ver a Deus; assim como a história do mendigo, foi o momento quando o homem que passava o tirou da morte no rio.

No entanto, se quiser ter alegria, preciso conhecer meu salvador. Ele também tem todo o tempo para estar ao meu lado, para nos ajudar nesse processo de comunhão. Quanto mais nós O conhecermos, mais desfrutaremos da alegria plena, seremos vitoriosos nas lutas e não nos envolveremos com uma religiosidade aparente ou falsa.
A TRÍPLICE ADVERTÊNCIA CONTRA OS INIMIGOS

Paulo parece iniciar este parágrafo com um tom de algo final, como se ele estivesse prestes a encerrar a carta com uma última exortação positiva de regozijo no Senhor. O Espírito Santo, porém (como obviamente fez em outras ocasiões em que Paulo escreveu), parece ter levado Paulo a explicar algo que, evidentemente, ele havia escrito antes aos Filipenses. Ele sentiu-se guiado a preveni-los contra falsos mestres que pregavam "outro evangelho". Ele o fez comparando o falso com o verdadeiro.

Ele falou muito diretamente aos seus companheiros cristãos que se estavam deixando enganar pelos falsos mestres (veja Gl 3:1). Tal fato não refletia "falta de amor", mas era evidência do quanto ele realmente os amava. O verdadeiro teste do amor é se as pessoas nos deterão ou não quando nos encontramos seguindo na direção errada. Por vezes são necessárias palavras fortes, como as que todo pai conhece, para que as pessoas saibam o que está sendo dito e reconheçam quão sério é o problema.

Em essência, Paulo escreveu que os falsos mestres têm o homem como centro de sua filosofia religiosa. Ele usou linguagem forte para descrevê-los: chamou-os de "cães", "maus obreiros", e "falsa circuncisão".

Estes termos descritivos um tanto duros podem chocar o leitor! Porém refletem a angústia e a infelicidade de Paulo com homens que deliberadamente levavam o povo para longe do caminho certo. Seu amor profundo e leal à seus companheiros cristãos muitas vezes o levava a falar contra indivíduos que pregavam um "evangelho falso", por motivos egoístas.

Há várias possibilidades quanto ao porquê de ele ter usado a palavra cães. É assim que os judeus auto-justificados chamam aos gentios. Uma vez que Paulo, nesse momento, falava a respeito de judeus, talvez ele estivesse "invertendo as posições". Lembre-se que Paulo era judeu, e como acontece com cada grupo étnico, "é preciso ser um deles para reconhecê-los".

Ou, talvez Paulo deixasse subentendido que homens que desviam o povo em assuntos religiosos não são mais sensíveis do que animais egoístas que andam ao redor devorando outros. Repito, talvez ele estivesse relacionando o conceito de "cães" mais especificamente com a frase "falsa circuncisão" — homens que, literalmente,gostavam de dilacerar a carne humana através de uma perversão do rito da circuncisão. O uso que Paulo faz das palavras aqui no original é altamente significativo. R. P. Martin ressalta que o apóstolo refere-se "à prática da circuncisão; mas Paulo não lhe dá o nome adequado 'perítome'. Antes, usando um jogo de palavras, ele a chama de um mero corte. 'katatome', isto é mutilação do corpo semelhante às práticas pagãs de Lv 21:5. A mesma ironia é aplicada aos judaizantes em Gálatas v. 12, onde 'apo-kopteiri “cortar” refere-se ao seu interesse no ato físico da circuncisão, e ironicamente significa também 'castrar'. O nome verdadeiro 'perítome' é reservado para os cristãos que são da verdadeira circuncisão."

Seja o que for que Paulo quis dizer especificamente, uma coisa é clara: ele estava muito desgostoso com os que deliberadamente pregavam um falso evangelho. Tão forte era seu sentimento a esse respeito que, quando ele escreveu aos gálatas, pronunciou juízo eterno sobre todos os que praticassem tal coisa, inclusive sobre si mesmo e também sobre seres espirituais: "Mas ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema" (Gl 1:8, 9).

Em resumo, os falsos mestres podiam ser reconhecidos pelo fato de apresentarem uma salvação centralizada no homem. Este é um sistema de obras: o que o homem faz para herdar a vida eterna está no centro de sua mensagem. Para esclarecer isto, Paulo disse como reconhecer os que têm a verdadeira mensagem de Cristo.

A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO CRISTÃ

Em Fp 3:3, Paulo falava da verdadeira circuncisão. "Porque nós1', escreveu ele, "é que somos a circuncisão."

Por que é isto verdadeiro? Por que essa linguagem? Paulo deu três razões. Primeiro os da verdadeira circuncisão "adoram a Deus no Espírito", não mediante um rito humano. Paulo lembrou aos romanos que judeu não era um verdadeiro judeu se o fosse "apenas exteriormente". Pelo contrário, disse ele, "judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus" (Rm 2:28,29). Em outras palavras, Deus não reconheceria a validade do ato da circuncisão, até mesmo no Antigo Testamento, a menos que esse ato refletisse uma realidade interior e sacrifício do coração.

Segundo, os da verdadeira circuncisão gloriam-se "em Cristo Jesus" e não nas realizações humanas. O evangelho falso diz que o homem pode salvar-se pelo que faz; o verdadeiro evangelho ensina que o homem é salvo apenas pelo que Deus já fez mediante Jesus.

Em outra ocasião Paulo tomou este ponto claro: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:8, 9).

Terceiro os da verdadeira circuncisão não confiam "na carne". Novamente Paulo acentua a verdade de que a salvação é pela graça, mediante a fé. Nada que o homem possa fazer salvará sua alma. Soma alguma de rituais, conformidades externas ou atividades humanas podem tomar o homem bom o suficiente para chegar à presença de Deus como uma pessoa justificada.

Estas, portanto, são as marcas da "verdadeira circuncisão" — circuncisão do coração. Paulo disse que os da verdadeira circuncisão podem ser reconhecidos por pregarem este tipo de evangelho — o evangelho que tem Cristo como o centro.

Não apresentam uma fórmula humana para a salvação, antes, uma fórmula divina— "que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo" (II Co 5:19). O homem não ousa nem pode receber o crédito por sua salvação. Antes, ele deve desistir de toda honra e glória entregando-as a Jesus Cristo. E que melhor fonte de verificação desta verdade do que o próprio Paulo?

Enquanto Paulo escrevia este parágrafo, ele parecia dizer: "Se vocês desejam um bom exemplo da perspectiva da religião centralizada no homem, olhem para mim! Com efeito, desafio a qualquer pessoa a medir-se comigo — tanto em herança quanto em realizações!". "Circuncidado ao oitavo dia", pois antes que ele pudesse fazer algo por si mesmo, seus pais haviam cumprido a letra da lei (Lv 12:3). Além disso, disse ele, sou "da linhagem de Israel". Ele não era prosélito, não era convertido ao Judaísmo; ele fazia parte da raça escolhida por nascimento. Mais ainda: ele pertencia à "tribo de Benjamim" — a tribo que era altamente respeitada em Israel por causa de sua inusitada fidelidade à lei de Deus. O primeiro rei de Israel, Saul, também foi benjamita.

"Tudo isso", disse Paulo, "é meu por herança." Ele nada havia feito para merecê-lo. Ele simplesmente recebeu esta posição pelo fato de ter nascido numa raça e família religiosas. Paulo não era um hebreu comum, mas "hebreu de hebreus". Ele havia dado o duro para chegar a ser um afamado erudito, um homem de letras e de alta cultura. Ele falava hebraico e aramaico, um sinal de distinção em Israel. Como o benjamita chamado Saul, que fisicamente se sobressaía acima de seus contemporâneos, Saulo de Tarso (embora de pequena estatura, sem dúvida) tinha proeminência sobre seus pares na estatura religiosa. Além disso, Paulo era fariseu, o que representava a seita mais conservadora do Judaísmo. Sob Gamaliel, renomado mestre, Paulo aprendera os detalhes da lei de Moisés, juntamente com as tradições que foram acrescentadas com o correr dos anos.

A prova da dedicação de Paulo à vida farisaica e prática era sua atitude para com os cristãos. Ele se tornou um perseguidor ativo dos que criam em Cristo. Em outra ocasião ele escreveu: "Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava" (Gl 1:13).

Finalmente, Paulo termina sua impressionante lista de realizações com o que todo judeu sério buscava — "justiça legalista". Eu era "irrepreensível", escreveu ele. O que se esperava dele, ele o fazia. Pela avaliação do homem, ele havia atingido o ideal.

Assim Paulo podia gabar-se, como nenhum outro judeu, de sua herança religiosa e de suas realizações. Se o homem pudesse ser salvo pelas obras, ele o tinha alcançado. Ele havia feito tudo!

Mas Paulo teve um rude despertar. No caminho de Damasco, para onde ia com o fim de lançar os cristãos na cadeia, encontrou-se com o Senhor Jesus Cristo, aquele a quem estava perseguindo (At 9:1-6). De súbito, miraculosamente e para sua vergonha, ele descobre que tudo o que antes havia feito não o tinha levado para mais perto de Deus ou do céu. Essa descoberta mudou o rumo de sua vida, tanto na terra como eternamente.

Quando Paulo se converteu, sua experiência religiosa e mensagem passaram da centralização no homem para a centralização em Cristo. Com efeito, neste parágrafo final ele menciona a Jesus Cristo cinco vezes para descrever seu relacionamento com Deus; no parágrafo anterior ele falou somente de sua herança e de suas realizações. Ao concluir esta seção de sua carta, Paulo avalia a experiência passada, e descreve sua nova fonte de justiça. Finalmente afirma seus objetivos como cristão.

Paulo avaliou sua herança religiosa e suas realizações com uma linguagem fortemente negativa. Para ele tudo fora uma perda total. Ele considerava toda a sua herança e todas as suas realizações "como perda" (3:8).

Paulo disse isto não por ter sido a maioria das coisas más em si mesmas, mas porque impediam seu relacionamento pessoal com Deus. Além disso, sua experiência do conhecimento de Cristo era tão maior e tão mais significativa que ele estava disposto a desistir de tudo, sua cidadania, seu status, seus amigos e sua riqueza por esta nova experiência. Ele o disse em termos decisivos: "Considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Jesus Cristo meu Senhor" (3:8). Mas havia outro fator que levou Paulo a usar uma linguagem assim tão negativa para descrever sua experiência passada. Seu zelo contra os cristãos havia sido tão ardente que ele disse e fez coisas que lhe assolaram a memória até ao dia em que morreu. Ele jamais se esqueceu de suas terríveis atitudes e procedimento para com os cristãos. Assim, escrevendo aos coríntios, ele disse: "Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus" (ICo 15:9). Embora seus pecados tivessem sido totalmente perdoados, as cicatrizes emocionais jamais foram apagadas.

Quando Paulo se converteu, descobriu uma nova fonte de justiça, não a justiça "que procede da lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé" (Fp 3:9). Esta, é claro, era a verdadeira justiça porque, disse Paulo ao escrever aos Gálatas "por obras da lei ninguém será justificado" (Gl 2:16).

Antes de se encontrar pessoalmente com Jesus Cristo, Paulo era um homem perdido. Sua circuncisão não tinha valor; não passava de um ritual. Ser membro da raça escolhida não o tomava membro da família de Deus. Ser benjamita e hebreu de destaque representava apenas uma posição social e não espiritual. Seu grande conhecimento da lei apenas o tomava mais cônscio do pecado e do conflito interior que lhe devastavam a alma (Rm 7:7-13).

A "justiça legal" de Paulo era como "trapos da imundícia" na presença de Deus (Is 64:6). Mas agora Paulo podia reivindicar com confiança uma justiça verdadeira — a que vinha da fé separada das obras. Pela primeira vez na vida, depois de todas as suas realizações religiosas, ele percebe que todos os homens — tanto nos dias do Antigo Testamento, como nos do Novo — eram justificados pela fé e não pelas obras da lei (Rm 4:1-8).



CONCLUSÃO

A experiência de Paulo com a religião centralizada no homem representa milhões de pessoas hoje em dia que diligentemente procuram tornar-se dignas do céu. O esforço humano, fazer algo para merecer o céu, é uma característica de todas as religiões e seitas não cristãs. Desde o Hinduísmo, Budismo, e Islamismo à Ciência Cristã, Mormonismo, Armstronguismo e Russelismo (Testemunhas de Jeová), todos possuem uma coisa em comum: salvação baseada primeiramente nas obras.

Há também os que se envolvem com várias formas de Cristianismo histórico e que confiam nas obras para a salvação. Como Paulo, antes de sua conversão, baseiam a salvação na herança religiosa e nas realizações. Se lhes perguntássemos se são crentes, poderiam dizer: "É claro que sou crente! Fui batizado na igreja." Ou: "Nasci em um lar cristão; sempre fui cristão."

Do ponto de vista da realização, poderiam dizer: "É claro que sou bom crente. Vou à igreja todos os domingos." Ou: "Leio a Bíblia e oro todos os dias." Ou: "Ninguém é perfeito, mas guardo os Dez Mandamentos da melhor maneira que posso." Ou: "Dou 10% do meu dinheiro para a igreja."

Em geral, estas práticas são boas e corretas. O crente deve ler a Bíblia e orar. Deve dar seu dinheiro para a obra de Deus, conforme sua prosperidade. Deve ir à igreja e aprender da Palavra de Deus e da comunhão com outros crentes. Ele deve ser batizado, não para a salvação, mas para demonstrar aos outros sua experiência de conversão. Infelizmente, porém, muitos confiam que estas coisas hão de levá-los ao céu. Há apenas um caminho para o céu: crer em Jesus Cristo e recebê-lo como Salvador pessoal (At 16:31; Jo 1:12).

Concluindo, espero em DEUS ter contribuído para despertar o seu desejo de aprofundar-se em tão precioso ensino e ter lhe proporcionado oportunidade de agregar algum conhecimento sobre estes assuntos. Conseguindo, que a honra e glória seja dada ao SENHOR JESUS.



Ev. José Costa Junior





segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Chamados para servir


A advertência de Cristo à igreja de Laodicéia continua servindo de alerta aos crentes de hoje.

Jesus, ao dirigir-se à igreja em Laodicéia, fez afirmações que são plenamente aplicáveis em nossos dias. Um dos momentos mais confrontadores na carta é encontrado quando Cristo revela àqueles crentes que eles viviam uma ilusão. O que pensavam a seu próprio respeito era incrivelmente distinto da visão que o Senhor tinha acerca daquela igreja: “Dizes, estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma; e nem sabes que tu és infeliz; sim, miserável, pobre, cego e nu”.

“Nem sabes” é uma expressão que denota clara ignorância. A igreja de Laodicéia não sabia. Ela fazia aquele papel típico de pessoas que se vêem sadias, mas estão doentes; acham-se bem vestidas, mas estão ridiculamente maltrapilhas; sentem-se sãs, mas encontram-se terrivelmente doentes; acham que são o máximo em inteligência, porém agem como estúpidos; e julgam que estão agradando a Deus, mas vivem para si próprias – querem atender apenas seus desejos, satisfazer seus anseios e seguir seus valores.

“Que és infeliz...” Que observação intrigante e triste. Talvez os de Laodicéia tenham chegado ao cúmulo da ignorância coletiva ao se julgarem abastados e felizes, estando na verdade perdidos, confusos e deprimidos. Mas há um aspecto psicológico a ser analisado aqui. Existem pessoas que vivem se enganando, constroem um ambiente de felicidade ao seu redor – “pois dizes, estou rico...” –, mas em seu íntimo ouvem constantemente uma voz de choro, melancolia e tristeza. É uma voz que não se cala.

Do ponto de vista da psicanálise, é assim que surgem as neuroses, pois com a tentativa de encobrir esta infelicidade, a repressão interna fecha a porta da consciência para o mal que está lá dentro e o indivíduo passa a sorrir de felicidade. Como o mal deseja se expor e é reprimido, ele consegue fabricar alguns pequenos “túneis” em outros lados da vida. E assim surgem manias, depressões, compulsões e tantas coisas que, nada mais e nada menos, expressam simplesmente a voz da infelicidade tentando ser ouvida.

Cristo vai ao fundo do inconsciente coletivo da igreja em Laodicéia e lhe revela o que ela mesma não desejava ouvir de ninguém, muito menos do Mestre. Talvez a mesma palavra do Filho de Deus se aplique hoje a tantas igrejas e a muitos de nós. Temos aparência de felicidade, mas há um grito inconsciente de tristeza e melancolia que eclode de nossa alma. Assim, há sorrisos que mascaram as dores; há celebrações de louvor que escondem pecados e imoralidade. Há uma aparência de vida e de saúde, mas um permanente estado de enfermidade crônica na mente e no coração.

Tenho encontrado líderes, pastores e missionários que vivem um caos em suas vidas, mas, pela motivação do ministério, tentam não permitir que a verdade que enfrentam se manifeste. Encorajam a outros enquanto sentem-se perdidos e em crise. Pregam a Palavra por obediência, mas sentem-se secos e sem fé. Falam sobre Jesus com entusiasmo, mas não se lembram mais do último momento de intimidade com Deus. A estes, gostaria de encorajar: Cristo está menos interessado em seu ministério e serviço do que em sua vida e saúde. O desejo do Mestre não é torná-lo uma máquina de produção no Reino de Deus, mas sim um filho autêntico, consciente da necessidade de cura e perdão, vivendo uma felicidade real, sem se esforçar para falar de Jesus.

Vejam o que acontece no serviço do ministro. Podemos usar de nossa liberdade de agenda como um trampolim para não servirmos de maneira fiel. Sempre gostei da característica livre que temos como obreiros. Precisamos, por certo, apresentar nossos relatórios e prestar contas, mas de forma geral fazemos nossas agendas. Estamos livres para vir e ir, marcar e desmarcar reuniões, atendimentos, visitas. No entanto, esta liberdade traz consigo um grande desafio – por um lado, o de não sermos ociosos, sem cumprir o desejo do Mestre; e por outro, não cairmos no ativismo em vez de fazermos um trabalho real. Para nós, as palavras de Cristo se apresentam de forma emblemática: “Conheço as tuas obras”.

Hudson Taylor nasceu em Yorkshire, na Inglaterra, em 1832, em um lar evangélico. Aos 13 anos, afastou-se do Evangelho por não ver mais razão de ser nos cultos, nos crentes e nas pregações. Não desejava mais orar ou ler a Palavra. Entretanto, havia em sua vida uma pregação que não se calava: era a vida e testemunho de sua mãe, que orava com devoção e perseverança por sua vida. Aos 17 anos, algo aconteceu que mudaria a vida de Hudson Taylor. Ele leu um folheto que falava sobre a obra consumada de Cristo. O Espírito Santo tocou seu coração, houve quebrantamento e entrega ao Senhor. Lemos no livro A história do grande missionário do interior da China, de Solange Lacerda Gomes da Silva (Editora Apec): “Quando sua mãe chegou de viagem, Hudson correu para encontrá-la: - Tenho boas notícias!, ele exclamou. - Eu sei, estou muito alegre com as notícias que você tem para me contar. - Como a senhora ficou sabendo? Amélia contou? - Não, há duas semanas senti um grande desejo de orar por sua salvação. Fui para o quarto e orei por você. De repente, soube que Deus respondeu e agradeci”.

Temos assistido a uma inversão de valores causada pela pobreza do conhecimento da doutrina, da visão e do caráter. Mas as vestes que Deus nos oferece são mais importantes que os trajes da riqueza humana, e o colírio do Senhor, mais importante que a visão humana. A convicção interna, os frutos no campo de trabalho e o reconhecimento da Igreja sobre nosso ministério são os três pilares que nos dão garantia da vocação. Mas Jeremias não teve frutos durante seus 40 anos de sofrimento ministerial; porém, sabia que era ungido de Deus. Os religiosos mataram Jesus e desaprovaram sua mensagem, mas Ele sabia que era o Ungido de seu Pai. Dentre estes três pilares, portanto, a convicção interna do chamado não pode faltar.

O elemento principal pelo qual Jesus nos julga é bem menos visível, menos contábil e certamente menos observado por aqueles que nos cercam. A Palavra fala sobre coração, alma, mente, espírito, sentimentos íntimos e desejos como elementos para nos fazer entender que uma vida íntegra define mais a nossa identidade perante Deus do que toda a roupagem que possamos vestir. Há algo que gostaria de pontuar nesta altura: Jesus conhece o secreto da sua vida. Ele certamente não se impressiona pelas grandes construções, realizações aplaudidas ou teses defendidas; nem se impressiona com comendas e troféus. O Carpinteiro olha direto para o seu coração e vasculha a sua alma. E é justamente neste campo que você será encontrado fiel ou não.

O Evangelho nos primeiros séculos reivindicava um modo transformado de vida. Era a santidade retirada do nível apenas teológico e trazida para a realidade mais simples, diária e prática de cada dia. Quando estas verdades atingiam as multidões, então o milagre começava a acontecer: homens ricos paravam de roubar para devolverem até quatro vezes mais aos que haviam defraudado; mulheres adúlteras largavam suas vidas de promiscuidade e transformavam-se instantaneamente em testemunhas; pescadores deixavam suas redes para seguir um carpinteiro de Nazaré; muitos vendiam tudo o que tinham para distribuírem entre os que nada possuíam; milhares morriam crucificados, queimados, degolados ou serrados ao meio por se recusarem a negar o seu Senhor, ao qual nunca haviam visto face a face – enfim, perseguidores se transformavam em perseguidos, lançando-se à morte para espalhar a verdade de salvação aos gentios. A santidade de vida fazia com que todos os crentes se dispusessem a abandonar tudo, se necessário fosse, e a repudiar a própria família, se exigido fosse. Esqueciam até da própria vida, se isso lhes fosse demandado, tão somente para encher a terra da glória do Senhor.

O objetivo existencial de Jesus, neste transitório ciclo de vida que temos no mundo, é levar-nos a orar como o salmista: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável ”. A glória de Deus se manifestará de forma especial através do caráter do crente, e não de sua provisória reputação. William Hersey Davis, tentando fazer-nos diferenciar entre a ilusão do palco e a realidade da vida, compara caráter e reputação quando diz:

As circunstâncias nas quais você vive determinam sua reputação;
A verdade na qual você crê determina o seu caráter;
Reputação é o que pensam a seu respeito;Caráter é aquilo que você é;
Reputação é a fotografia;Caráter é a face.

Reputação fará de você rico ou pobre;
Caráter fará de você feliz ou infeliz;
Reputação é o que os homens dizem a seu respeito no dia do seu funeral;
Caráter é o que os anjos falam de você perante o trono de Deus.

Um pastor amigo, observando a sua própria trajetória através do livro Avalie a sua vida, de Wesley Duewel, desabafou anos atrás em uma carta: “Os aplausos levaram-me, durante anos, a pensar que tudo estava bem. Saía-me muito bem enquanto estava debaixo dos holofotes; comunicava-me com diversos grupos e era admirado por minha audácia na pregação. Muitos passaram a seguir o meu exemplo. Vários me diziam: ‘Desejo ser como você’. Não precisei orar muito para que o Espírito Santo me direcionasse para os pecados e falhas em meu caráter. Usava exemplos que não condiziam com a verdade; utilizava livremente o púlpito para atacar os grupos antagônicos ao meu ministério e escondia a depressão da minha mulher, provavelmente devido a meu comportamento arredio e soberbo em casa, para que não fosse passivo de crítica. Eu possuía todos os elementos para cair e permanecer prostrado. Louvado seja Deus por um dia que tirei para reavaliar a minha vida!”

Este pastor amigo percebia, entre outras coisas importantes, que nenhum homem vai além da sua integridade. E entendia o perigo de se construir um ministério ou mesmo uma reputação que não possua um caráter íntegro como fundamento. Nas palavras do próprio Duewel, “a única vida digna de ser vivida é aquela vivida para Deus” – e é neste íntimo relacionamento que perceberemos que somente uma boa semente trará bons frutos.

Quando Jesus confronta Laodicéia, Ele é enfático: “E nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”. O Senhor de fato confronta toda sua Igreja, a cada um de nós, pois apresenta-nos a possibilidade de vivermos uma fantasia e nos escondermos da realidade. A procura por uma existência autêntica é a procura da verdade; é a manifestação de pararmos um dia em nossas vidas, olharmos para nossa existência com os óculos da Palavra e clamarmos por quebrantamento, conversão, mudança de rumo e de atitude. Há esperança.

Estive, em 2002, visitando uma região próxima a Maraã, no coração do Amazonas, onde vivem os povos kambeba, kokama e miranha. Eles eram tidos, até pouco tempo atrás, como grupos indígenas ainda não alcançados pelo Evangelho. Qual não foi minha surpresa ao chegar entre eles e ver ali a presença de uma forte igreja evangélica, que louva a Deus com fervor e amor. Procurando os autores daquele trabalho missionário, encontrei alguns crentes ribeirinhos, especialmente o seu João, como é conhecido. Pessoas simples, alguns ainda iletrados, mas com tremenda paixão pelo Senhor Jesus. Viviam em um “flutuante” formado por um cômodo apenas e, além das redes, possuíam somente uma cadeira e uma panela. Contaram-me então como, através do escambo e comércio com os indígenas, conseguiram lhes transmitir a Palavra de Deus e plantar ali a igreja.

Perguntei-lhes como foram parar ali, naquela região tão distante. Responderam-me: “Viemos ganhar a vida”. “E como está a vida?”, insisti. “Vai muito bem. Já plantamos seis igrejas para a glória de Deus!” Aqueles eram missionários sem sustento, aplausos ou reconhecimento. Eram simplesmente servos de Jesus, que confundiam o ganhar a vida com o ganhar de almas. Homens que passavam privações profundas para que o Evangelho chegasse até os habitantes do final do Rio Maraã. Julgavam-se pobres e cegos, mas eram ricos. A vida autêntica mantém a visão de Deus.


sábado, 10 de agosto de 2013

CONSTRUTOR DE MUROS!



Não é difícil encontrar pessoas que criticam a situação do mundo. Os problemas se avolumam cada vez mais sem perspectiva de
melhora, ao menos pela ótica de uma grande maioria de pessoas que vivem nele.

Aliás, falando em ótica, não faltam “olheiros” neste universo para observar as falhas dos outros, vistas por todos os ângulos possíveis para não deixar passar despercebido nenhum detalhe de seus erros.

Julgar e condenar são atitudes que proliferam semelhantes à praga daninha. Bem falou Jesus em seu sermão no monte: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?”– (Mateus 7:1-3).

Ah, que bom seria a gente encontrar mais pessoas com espírito de autocrítica, com predisposição para reconhecer, ainda que respeitando as devidas proporções, sua responsabilidade daquilo que o mundo é, e, daquilo que poderia ser transformado.

Todo crítico deveria se revestir de autocrítica antes de tecer qualquer comentário negativo de pessoas ou situações. O ideal seria ele ter visão para enxergar e agir com bom senso, ponderando cada situação. Desta forma, se a empresa onde ele trabalha não anda bem das pernas, a pergunta seria esta: “O que eu posso fazer para reverter este quadro?”, “Onde estou falhando?”, e este princípio é válido para se aplicar na igreja, casamento, família, na vizinhança, cidade e por que não dizer no mundo?

Ah, mais uma vez o “ah”, você acha que transferir é mais fácil? Concordo! É mais fácil, porém, não é honesto. Foi desta forma que o caos se instalou no mundo quando o primeiro casal categoricamente decidiu desobedecer ao criador, e diante de Deus transferiu a sua culpa, [leia Gênesis 3].

Já que você abriu em Gênesis, assim espero, aproveite e vire algumas centenas de páginas até chegar ao livro de Neemias. Você vai se deslumbrar com a atitude de um homem chamodo Neemias. Eu o chamaria de “Construtor de Muros”. Palavras deste homem: “Veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que escaparam, e que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém. E disseram-me: Os restantes, que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo; e o muro de Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo” – (Neemias 1:1-3).

A julgar pela distância e comodidade onde se encontrava o profeta Neemias, a tendência da maioria das pessoas seria não se envolver com o problema. Contudo, Neemias sentou-se, chorou, lamentou o problema, jejuou e orou a Deus dizendo: “Ah! Senhor Deus dos céus, Deus grande e terrível! Que guarda a aliança e a benignidade para com aqueles que o amam e guardam os seus mandamentos; Estejam, pois, atentos os teus ouvidos e os teus olhos abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos. Confesso os pecados que NÓS, os Israelitas, temos cometido contra ti. Sim, EU e o meu povo temos pecado. Agimos de forma corrupta e vergonhosa contra ti. Não temos obedecido aos mandamentos, aos decretos e às leis que deste ao teu servo Moisés.” – (Neemias 1:5,6).

Sentar-se, chorar, lamentar, jejuar e orar, é bom? Sim, é bom! Digamos que é meio caminho andado em direção à solução dos problemas que enfrentamos. Contudo, ninguém chega a lugar algum vencendo tão somente 50% do percurso. Só estaremos lá quando atingimos os 100%.

Em que implica a etapa final? Implica em trabalho prático e isto nem sempre é fácil! Neemias disse ao seu patrão, o rei Artaxerxes: “Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique” – (v.5).

Não foi fácil conquistar a segunda parte do projeto de Neemias. Sambalate estava lá para opor-se contra ele e contra tudo que vinha de Deus na intenção de dissuadi-lo da obra e pô-lo para correr. Teve ele que enfrentar ameaças, zombarias e desprezos. No entanto, disse: Um homem como eu fugiria? – (cap. 6:11). Não desistiu, não fugiu e nem largou a obra pela metade para frustração de Sambalate e seus assessores.

O diabo é um tipo de “Sambalate” que se enfurece quando percebe que você se disponibiliza para reconstruir muros de proteção em torno de vidas, igrejas e cidades para que ele (o diabo), não consiga seus intentos que fazem parte de seu caráter. Entretanto, a exemplo de Neemias não se deixe intimidar e prossiga seu trabalho com os recursos que Deus tem colocado em suas mãos, são eles, sensibilizar, lamentar, jejuar, orar e se disponibilizar para construir muros de proteção para que o diabo não consiga vitória sobre pessoas, famílias, igrejas, cidades e nações.


________________Plínio Cavalheiro.

terça-feira, 6 de agosto de 2013


A Fidelidade dos Obreiros do Senhor - Luciano de Paula Lourenço

Texto Básico: Filipenses 2:19-30
“Espero, porém, no Senhor Jesus, mandar-vos Timóteo, o mais breve possível, a fim de que eu me sinta animado também, tendo conhecimento da vossa situação” (Fp 2:19 -ARA)
INTRODUÇÃO
Na Aula 04, vimos Paulo apresentar o Senhor Jesus como o exemplo, o modelo de supremo de humildade. Mas alguém poderia argumentar: “Sim, mas Jesus era Deus e nós somos simples mortais”. Por isso, na Carta aos Filipenses, Paulo dá três exemplos de homens que manifestavam essa mesma atitude de Cristo: ele mesmo (Paulo - Fp 2:17,18), Timóteo e Epafrodito(Fp 2:19-30). Se compararmos Cristo ao Sol, esses três homens de Deus são luas refletindo a glória do Sol. São luzeiros num mundo em trevas. É bom nos conscientizarmos que, conquanto sejamos luz do mundo, não temos luz própria. Nós somos apenas como a lua, refletimos a luz do Sol (Jesus Cristo).Nesta Aula, cabe uma reflexão do pastorado contemporâneo à luz do contexto evangélico atual. A cada ano a igreja evangélica se torna mais forte, midiática, política e numerosa. A tentação de homens desejarem o “episcopado” pela motivação errada é enorme. Não há outro caminho a ser feito para evitar as motivações erradas que o da humilhação, voluntariedade e simplicidade. Por isso todo candidato ao Ministério Eclesiástico precisa mergulhar profundamente no compêndio doutrinário da Igreja, o Novo Testamento, e vivenciar a vida daqueles que deram tudo de si para o engrandecimento do Reino de Cristo. Trataremos, à luz de Filipenses 2:19-30, da dedicação e fidelidade de Paulo, Timóteo e Epafrodito, homens que não mediram esforços para que a Obra de Cristo fosse plenamente exitosa.
I. A PREOCUPAÇÃO DE PAULO COM A IGREJA
O apóstolo Paulo era um verdadeiro pastor: provado e aprovado por Cristo. Um líder comprometido com o pastorado. Um líder que amava a Igreja de Cristo. Um líder que valorizava as pessoas. Embora estivesse tão distante, cerca de mil e cem quilômetros, tinha o seu coração inclinado para os cristãos de Filipos. Ele era um líder que amava a igreja e se preocupava com ela. Sem dúvida, estas são características basilares de um verdadeiro pastor. São as mesmas que vivenciava o seu Líder-mor, Jesus. Ele chegou a dizer que: “O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10:11). Não há dúvidas que esta era a disposição do apóstolo Paulo. Somente dá a vida por alguém aquele que compreende o real valor do outro. Para o apóstolo o valor de uma vida era incalculável. Por isso, mesmo preso, Paulo informa o seu plano de enviar Timóteo a Filipos e a ida de Epafrodito, levando informações escritas, a saber, a Epístola de Filipenses, para assegurar aos cristãos daquela comunidade do bem-estar de Paulo. Estes obreiros, os quais foram preparados por Paulo, eram pessoas da sua maior confiança. Eles haviam aprendido o modelo paulino de liderança. Eles sabiam que o exercício do ministério de serviço (pastorado) deve levar em conta a humildade, a disposição e o amor pelas pessoas que constituem o rebanho.A preocupação de Paulo com a igreja é demonstrada neste conselho contundente e bastante contemporâneo, ao pastor Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido” (2Tm 3:14). Este era o grande desafio para os obreiros de Filipos. Por ser uma igreja nova na fé o perigo de os seus obreiros desviarem-se do alvo era iminente. Falsos ensinadores, os gnósticos e judaizantes, se multiplicavam nas cercanias da igreja filipense.O ministério pastoral nunca pode ser encarado numa perspectiva dominadora; mas, servidora, espontânea e voluntária. Deve ser manifestada no mesmo “espírito” de Pedro: “apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente […] nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1Pe 5:2,3).
II. O ENVIO DE TIMÓTEO A FILIPOS (Fp 2:19-24)
Timóteo estava com Paulo em Roma quando o apóstolo escreveu a carta aos Filipenses. Ele tinha viajado com Paulo em sua segunda viagem missionário, quando a igreja em Filipos ainda estava no início, de modo que os filipenses conheciam Timóteo. Paulo não podia visitar os filipenses, de maneira que ele esperava enviar Timóteo em seu nome. Timóteo tinha visitado várias igrejas como representante de Paulo em outras ocasiões (cf 1Co 4:17; 15:10; 1Ts 3:2).
Veja algumas qualidades especiais de Timóteo que o credenciaram como um Obreiro de confiança do apóstolo Paulo para a missão especial à Igreja de Filipos(Adaptado do livro Filipenses - Rev. Hernandes Dias Lopes):
1. Timóteo, um obreiro de bons Antecedentes. Sua mãe e sua avó eram crentes (2Tm 1:5). Ele conhecia a Palavra de Deus desde a infância (2Tm 3:15). Converteu-se na primeira viagem missionária de Paulo e cresceu espiritualmente, pois passou a ter bom testemunho em sua cidade antes de unir-se ao apóstolo em sua segunda viagem missionária (At 16:1,2). Timóteo era filho de Paulo na fé (1Tm 1:2), cooperador de Paulo (Rm 16:21), e mensageiro de Paulo às igrejas (1Ts 3:6; 1Co 4:17; 16:10,11; Fp 2:19). Ele esteve preso com Paulo em Roma (Fp 1:1; Hb 13:23). Ele tinha um caráter provado (Fp 2:22) e cuidava dos interesses de Cristo (Fp 2:21) e dos interesses da Igreja de Cristo (Fp 2:20). Esteve presente quando a igreja de Filipos foi estabelecida (At 16:11-40; 1Ts 2:2) e, ainda, subsequentemente também os visitou, mais de uma vez (At 19:21,22; 20:3-6; 1Co 1:1). Portanto, ele era o obreiro indicado para ser enviada novamente à igreja de Filipos.
2. Timóteo, um homem singular (Fp 2:20a). Ele era um homem singular pela sua obediência e submissão a Cristo e ao apóstolo Paulo como um filho a um pai.  Havia muitos cooperadores de Paulo, mas Timóteo ocupava um lugar especial no coração do veterano apóstolo.
3. Timóteo, um homem que cuidava dos interesses dos outros (Fp 2:20b). Ele aprendeu o princípio ensinado por Paulo de cuidar dos interesses dos outros (Fp 2:4), princípio esse exemplificado por Cristo (Fp 2:5) e pelo próprio apóstolo (Fp 2:17).Timóteo vivia de forma altruísta, pois o centro da sua atenção não estava em si mesmo, mas na Igreja de Deus. Ele não buscava riqueza, nem promoção pessoal. Ele não estava no ministério em busca de vantagens; ele tinha um alvo: cuidar dos interesses da igreja.
4. Timóteo, um homem que cuidava dos interesses de Cristo (Fp 2:21). Só existem dois estilos de vida: daqueles que vivem para si mesmos (Fp 2:21) e daqueles que vivem para Cristo (Fp 1:21). Timóteo queria cuidar dos interesses de Cristo, e não dos seus próprios. Sua vida estava centrada em Cristo (Fp 2:21) e nos irmãos (Fp 2:20b), e não no seu próprio eu (Fp 2:21). Embora alguns em Roma pregassem o evangelho “por amor” (Fp 1:16), de todos quantos estavam disponíveis perante Paulo, nenhum era tão destituído de egoísmo quanto Timóteo. Para Timóteo, como para Paulo, a causa de Cristo Jesus envolvia o bem-estar de seu povo.
5. Timóteo, um homem de caráter provado (Fp 2:22). Timóteo desfrutava de um bom testemunho antes de ser missionário (At 16:1,2), e agora, quando Paulo está para lhe passar o bastão, como continuador da sua obra, dá testemunho de que ele continua tendo um caráter provado (Fp 2:22).É lamentável que muitos líderes religiosos que são grandes em fama e riqueza sejam anões no caráter. Vivemos uma crise avassaladora de integridade no meio evangélico brasileiro. Precisamos urgentemente de homens íntegros, provados, que sejam modelo do rebanho.
III. EPAFRODITO, UM OBREIRO DEDICADO (Fp 2:25-30)25. 
Julguei, contudo, necessário mandar até vós Epafrodito, por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e, por outro lado, vosso enviado e vosso auxiliar nas minhas necessidades;26. Porquanto tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente.27. E, de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.28. Por isso, vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza.29. ”Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens como esse”;30. Porque, pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida, para suprir para comigo a falta do vosso serviço.
O apóstolo Paulo agora se volta de Timóteo para Epafrodito. Este valoroso e dedicado obreiro só é citado na Carta aos Filipenses, no capítulo 2:25-30 e no capítulo 4:18, mas é o suficiente para compreendermos seu profundo amor por Jesus e pela Igreja.Não sabemos se ele é o Epafras de Colossenses 4:12. Não há como afirmar isso com certeza. Em todo caso, sabemos que morava em Filipos, era um gentil, e que pode ter sido um presbítero da igreja.
Vejamos, em resumo, uma análise do texto de Fp 2:25-30.“… por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e, por outro lado, vosso enviado e vosso auxiliar nas minhas necessidades“ (Fp 2:25).
- “por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas”. Paulo queria que os filipenses soubessem o quanto ele estimava Epafrodito, de modo que ele o caracterizou através de três nomes (cf Fp 2:25):
  • meu irmão, significando um irmão em Cristo.  Se nós estamos em Cristo, há um elo de amor fraternal que nos une uns aos outros. Essa é uma palavra que destaca a relação de família.
  • meu cooperador, que significa que ele também estava trabalhando para o Reino de Deus.Epafrodito era um trabalhador na obra de Cristo e um ajudador de Paulo.
  • meu companheiro nos combates, referindo-se à solidariedade entre os crentes que estão lutando na mesma batalha. A vida cristã não é um parque de diversões, uma colônia de férias, mas um campo de guerra. Epafrodito estava no meio desse campo de lutas com o apóstolo Paulo. Epafrodito era um homem que sabia trabalhar com os outros, qualidade essencial na vida cristã e no serviço do Senhor. Sejamos “cooperadores e companheiros de lutas”, para o bem da obra do Senhor.
- “por outro lado, vosso enviado e vosso auxiliar nas minhas necessidades”. Paulo declara ser Epafrodito um “enviado“, ou seja, um mensageiro para prover as suas necessidades. Percebemos nisso, outra indicação importante de sua personalidade. Aqui, Paulo descreve Epafrodito de duas maneiras em relação ao seu serviço à igreja:
  • Primeiro, ele é descrito como um “enviado“, ou seja, um mensageiro, um “apóstolo” da igreja. Aqui a palavra “apóstolo” tem o sentido “daquele que é enviado com um recado“. A missão de Epafrodito não foi apenas a de trazer a Paulo o donativo da igreja filipense, mas também a de servir a Paulo de qualquer forma que fosse requerida. Portanto, Epafrodito fora “enviado” tanto para levar uma oferta quanto para ser uma oferta dos filipenses a Paulo.
  • Segundo, ele é descrito como “auxiliar” da igreja para ajudar Paulo. Paulo quer nos ensinar que o crente é um sacerdote que ministra um culto a Deus enquanto atende às necessidades dos outros. Epafrodito fazia do seu serviço prestado à igreja uma “liturgia” e um culto a Deus. Epafrodito tinha ido a Roma não apenas para levar recursos financeiros para Paulo, mas também para ministrar às necessidades espirituais de Paulo, sem prazo determinado para voltar.
Esse dedicado obreiro colocou as necessidades dos outros acima de suas próprias. Ele estava sempre pronto a fazer os trabalhos mais comuns e menos honrosos. Hoje, são muitos os interessados em trabalhos agradáveis e visíveis. Deve-se reconhecer e agradecer a Deus a vida daqueles que fazem trabalho rotineiro, sem alarde e sem visibilidade. Por fazer o trabalho árduo, Epafrodito se humilhou. Deus, porém, o exaltou, registrando seu fiel serviço no capítulo 2 da Carta aos Filipenses, para conhecimento das gerações vindouras.“Porquanto tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. E, de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2:26,27).
A igreja de Filipos enviou Epafrodito a uma distância de pelo menos mil e cem quilômetros para prestar ajuda a Paulo. O fiel mensageiro adoeceu como resultado disso, pouco faltando para morrer. Essa situação deixou Epafrodito preocupado - não com sua doença, mas pelo receio de que os santos de Filipos viessem a saber disso e se culpassem por tê-lo enviado naquela viagem, pondo sua vida em risco. Vemos em Epafrodito verdadeiramente “um coração despreocupado quanto a si mesmo”.
Estes versículos são muito importantes para esclarecer sobre o assunto da cura divina:Em primeiro lugar, a doença nem sempre é consequência de pecado na vida. Epafrodito adoeceu por ser fiel no cumprimento de suas responsabilidades - cf. v.30 -: “pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte“.- Em segundo lugar, nem sempre é da vontade de Deus a cura instantânea e miraculosa da pessoa. Pelo que se vê, a doença de Epafrodito se prolongou, e sua recuperação foi lenta (cf. também 2Tm 4:20; 3João 2).- Em terceiro lugar, a cura é pela misericórdia de Deus, e não coisa que possamos exigir dEle como nosso direito. A cura de Epafrodito foi um ato da misericórdia de Deus. Não há aqui qualquer palavra de Paulo acerca da cura pela fé. Simplesmente o apóstolo afirma que Deus teve misericórdia dele e de Epafrodito. Portanto, precisamos nos acautelar acerca dos embusteiros que enganam os incautos com falsos milagres e se enriquecem com promessas vazias.
“Por isso, vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza”(Fp 2:28).  Depois que Epafrodito se recuperou, Paulo se apressou em mandá-lo para casa. Epafrodito pode ter sido enviado a Roma para permanecer com Paulo indefinidamente, ministrando e encorajando o apóstolo, que estava preso. Como Timóteo, ele colocava a necessidade de outro à frente da sua (veja Fp 2:4). Todavia, depois de sua severa enfermidade (Fp 2:26), Paulo achou necessário enviá-lo de volta a Filipos. Epafrodito tinha feito o seu trabalho tão bem, que poderia voltar a Filipos levando consigo uma Carta de agradecimento e estímulo de Paulo.
“Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens como esse”(Fp 2:29 - ARA).Os filipenses não deviam apenas receber Epafrodito com alegria, mas também honrar esse querido homem de Deus. O mundo honra aqueles que são inteligentes, belos, ricos e poderosos. Que tipo de pessoa a igreja deve honrar? Epafrodito foi chamado de irmão, cooperador, companheiro de lutas, mensageiro e auxiliar. Esses são os emblemas da honra. Paulo nos encoraja a honrar aqueles que arriscam a própria vida por amor de Cristo e o cuidado dos outros, indo onde não podemos ir por nós mesmos.
“Porque, pela obra de Cristo, chegou até bem próximo da morte, não fazendo caso da vida, para suprir para comigo a falta do vosso serviço” (Fp 2:30).A viagem, de Filipos a Roma, era uma longa e árdua jornada de mais de mil quilômetros. Associar-se a um homem acusado, preso e na iminência de ser condenado também constituía um risco sério. Entretanto, Epafrodito se dispôs a enfrentar todas essas dificuldades pela obra de Cristo a favor da assistência material e espiritual a Paulo na prisão. Na verdade, Epafrodito jogou sua própria vida pela causa de Jesus Cristo arriscando-a temerariamente. A sua doença estava intimamente ligada ao seu incansável trabalho para Cristo. Isso é algo precioso aos olhos do Senhor. Isso é digno de ser imitado.
Observe os termos: “para suprir para comigo a falta do vosso serviço”Acredita-se que esses termos se refiram à impossibilidade de os filipenses visitarem Paulo pessoalmente e assim ajudá-lo, por causa da distância entre Filipos e Roma. O apóstolo, portanto, não os está repreendendo, mas apenas afirmando o que Epafrodito fez como representante deles, suprindo o que eles não podiam fazer em pessoa.Diante do exposto, há dúvida de que Epafrodito foi um obreiro dedicado à Obra de Cristo? Creio que não!
CONCLUSÃO
Paulo era um imitador de Cristo. E Cristo deixou a glória para vir ao mundo morrer em nosso lugar. Cristo viveu para os outros, deu a Sua vida pelos outros (João 3:16) e nos ensinou a fazer o mesmo (1João 3:16), como o fizeram Paulo, Timóteo e Epafrodito.——–
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço - Prof. EBD - Assembleia de Deus - Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI - EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão - nº 55 - CPAD.
Comentário do Novo Testamento - Aplicação Pessoal.
Filipenses - A alegria triunfante no meio das provas - Rev. Hernandes Dias Lopes.