“Nenhum homem sabe quanto é mau até que tenta ser bom. Muitos defendem a
tola ideia de que pessoas boas não sabem o que significa a tentação”. C. S.
Lewis
Você está
prestes a penetrar no território de seu pior inimigo. Enquanto caminha entre as
hostes inimigas, ficará chocado ao descobrir qual é a maior arma dele contra
seu desejo de viver em santidade.
Qual é a
principal estratégia do inimigo para levar as pessoas ao pecado?
É uma palavra
de oito letras: “Tentação”.Se
você conseguir anular a habilidade do inimigo em usar a tentação em sua vida,
ele ficará imediatamente impotente.
Pense um
instante sobre como as tentações operam realmente. Como uma pessoa como você,
nascida de novo e que ama aos Senhor, passa de santa a profana?
Qual é o passo
inicial ou a estratégia que leva o cristão da santidade à impureza, da
obediência à desobediência e da justiça à iniquidade?
Como você
logo descobrirá, a mesma estratégia de tentação é utilizada milhões e milhões
de vezes ao dia contra as massas – que não suspeitam de nada.
Essa
estratégia funciona?
Bem, na
maioria das vezes, uma tentação ou uma série de tentações estrategicamente
posicionada é tudo de que se precisa para derrubar uma pessoa que caminha em
santidade.
Na última vez em que você “caiu” em pecado, na verdade foi“empurrado”
pela mesma mão da tentação que sempre “empurra” ou “puxa” você em direção ao
pecado.
Incentivo
Outra
palavra que pode descrever a tentação é o “incentivo”. Um incentivo é algo que motiva ou incita o indivíduo a fazer algo.
No mundo empresarial,
o incentivo é amplamente utilizado. Por exemplo, quando você entra numa loja e
há duas bebidas de marcas diferentes sendo vendidas e uma delas faz a
promoção:“Compre uma garrafa e leve grátis!”, a que você é levado (ou tentado)
a fazer?
Se seu
chefe anuncia que naquela semana há um excesso inesperado de produtos
“vermelhos” e que haverá um bônus para cada produto desta linha que for
vendido, quando você entra em contato com seus clientes, acha que deixaria de
promover os produtos da linha“vermelha”?
Como pai,
você encoraja seus filhos a arrumar o quarto e tirar melhores notas na escola
com algum tipo de recompensa ou incentivo.
O incentivo é
errado?Não, se ele incentiva que um
comportamento correto seja feito de forma correta.
Quando
você lê a Bíblia não pode deixar de perceber que o próprio Deus utiliza o
incentivo com frequência para motivar.
O incentivo,
porém, pode ser usado não somente para fins benéficos mas também maléficos.
Sabe como a
Bíblia define um mau incentivo? Tentação.
O propósito
primário de toda tentação é motivar o indivíduo a pecar. Diferente dos bons
incentivos, os maus incentivos usam o engano e a manipulação para nos motivar
ao pecado.
Você acha
que seu inimigo o avisa formalmente de que vai enviar uma tentação nesta tarde,
às 3h13, e que, se você for tolo e cair nela, arruinará sua reputação, sua
família, seus filhos e seu trabalho?
Pense em
como seria bom que você entendesse todo o processo da tentação. Quanto mais
você compreende a verdade sobre a tentação e aprende a discernir os estágios da
tentação pela qual está passando, mais livre será para quebrar imediatamente
seu poder e permanecer na santidade.
A passagem-chave sobre tentação
Quando
você desejar extrair uma verdade da Palavra de Deus, comece buscando uma “passagem-chave”
que contenha a verdade mais ampla sobre o assunto.
Estude-a
para desvendar seus segredos. Quando estudamos sobre a tentação, a
passagem-chave bíblica é 1 Coríntios 10.
Leia os
versículos 12 e 13 atentamente, antes de ver as sete verdades sobre tentação e
sua aplicação: “Aquele, pois, que cuida estar em pé,
olhe que não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus,
que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará
também o escape, para que a possais suportar.” (ARC)
1. A tentação
é a razão primária para desejarmos pecar
O elo é
claro: a “queda” no pecado sempre é precedida pela tentação, que “vence você”.
A tentação é sempre a motivação para o pecado.
Se não
existisse tentação, você não teria motivação para cometer pecados. Diante de
todo pecado que cometemos esconde-se a tentação.
Quando você
abre as primeiras páginas da Bíblia, o que encontra satanás fazendo?
Tentando
Adão e Eva, induzindo-os a desobedecer às instruções de Deus para não comerem
do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Note a tentação sutil ou o
incentivo que ele usou contra Eva:
“É certo
que não morrereis” – Satanás incentiva Eva a duvidar da
advertência clara de Deus: não deviam comer, porque senão morreriam. E outras
palavras, a tentação tem de negar a verdade conhecida que se opõe ao pecado, ou
este não será cometido. Se Eva não caísse na tentação de duvidar que a morte
realmente se abateria sobre ela, talvez nunca tivesse cedido às outras
tentações.
A tentação sempre minimiza os perigos reais e maximiza os benefícios
imaginários.
“Se vos
abrirão os olhos” – Satanás sutilmente dá a entender
que os olhos deles estavam fechados e como seria maravilhoso abri-lo! Por falar
nisso, quem mantinha os olhos deles “fechados”, em primeiro lugar?
Que ataque
sutil ao caráter de Deus, insinuando que ele deliberadamente os mantinha cegos!
Ligue esta segunda tentação para duvidar do caráter de Deus à primeira, para
duvidar de sua palavra.
A tentação
sempre gera a dúvida sobre a palavra e o caráter de Deus.
“Sereis
como Deus” – Satanás incita a imaginação de Eva
com o pensamento de se tornar “semelhante a Deus”.
O que
poderia ser mais excitante do que ser “como” Deus?
Neste
ponto, a tentação dá um passo ousado.
Naquele momento,
Adão e Eva eram mais “semelhantes a Deus” do que qualquer outra criatura em
todo o universo, e por toda a eternidade! Foram criados por Deus, de forma
sobrenatural, à sua imagem e semelhança!
Eles já
eram “como Deus”!Entretanto, ao comerem o fruto, escolheram tornar-se o mais
“diferente de Deus”possível! Então, qual era o método para ser “igual a Deus”?
Pense
nisto – o meio que Satanás propôs para serem iguais a Deus era fazer justamente
o oposto do que Deus lhes dissera!
Somente
escolhendo desobedecer a Deus, eles seriam “como Deus”. A base da mentira da
tentação é grandiosa.
Cada tentação
individual baseia-se em pelo menos uma grande mentira, a qual é apresentada
como a resposta aos anseios da pessoa.
“Sereis
conhecedores do bem e do mal” – Satanás
sabe o que representa para o ser humano a tentação do “conhecimento proibido”.
O que
poderia ter mais poder do que conhecimentos secretos?
Com esta
tentação é enganadora! Adão e Eva já tinham a plenitude do conhecimento do
“bem”: estavam no jardim do Éden, andando com o Deus Todo-Poderoso! Por que
desejariam “conhecer” o mal, já que este nunca promove o bem e sempre o
destrói?
Toda a
vida gira em torno da busca do “bem”; então, por que nos afastar dele,
escolhendo aquilo que destrói o “bem”.
Aqui o
tentador usa o desejo ou a “cobiça” de algo totalmente fora dos limites
estabelecidos para o homem. O homem não foi criado para romper a cerca de
segurança que o separa do bem e do mal.
O Senhor
providenciou uma abundância de bem e o protegeu com a ausência do mal.
Escolhendo saber aquilo que Deus deliberadamente estava retendo, Adão e Eva
caíram no mesmo pecado do próprio Satanás, o desejo de independência e de
subverter os limites da soberania divina.
A tentação
sempre incita a cobiça de se conhecer e experimentar o“mal” proibido por Deus,
na falsa busca daquilo que é “bom”!
Por que Satanás utilizou essas tentações?
Porque sem
a tentação ou a motivação, por que Adão e Eva considerariam a possibilidade de
desobedecer a Deus?
Você
percebe o papel crucial da tentação em nossa vida?
Sem ela,
qual seria nossa motivação para escolher o pecado?
De modo
semelhante, considere o que Satanás fez ao procurar derrotar Jesus: ofereceu
três tentações poderosas. Note como Jesus repreendeu e revelou a natureza de
seu ataque: “Não tentarás o Senhor, teu Deus”.
Nunca mais
perca de vista a estratégia usada por Satanás em sua vida. Todo pecado que você
comete sempre é precedido por uma “tentação” na qual você acreditou, sentiu
motivação e então agiu de acordo, desobedecendo a Deus e pecando voluntariamente.
2. A tentação é mais perigosa quando você acha que não cairá
1
Coríntios 10:12 começa com uma forte advertência sobre tentação: “Aquele,
pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia”.
Talvez
este alerta seja colocado em primeiro lugar porque revela o oposto do que as
pessoas “normalmente”pensam sobre as tentações.
O que é melhor: pensar que não pode cair em pecado ou pensar que pode
cair?
Quanto
mais forte você pensa ou sente que é, usando frases como: “Nunca cometerei
este pecado!”, “Jamais poderei fazer isso!”, “Como aquela pessoa
pôde fazer aquilo?” ou“Sinto-me tão perto do Senhor que acho que hoje
não pecarei”, são sinalizadores gigantes e sirenes gritando, avisando do
perigo iminente.
Por que não devemos nos sentir fortes e poderosos diante de alguma
tentação?
“A soberba
precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16:18).
Quando
achamos que não podemos cair, o orgulho impera. Quando o orgulho impera, a
destruição vem logo atrás.
Sempre que
vemos a arrogância, seja explícita, seja cuidadosamente escondida, podemos ter
certeza de que em breve haverá uma “queda”.
Quais são a
atitude e a ação corretas em face da tentação que nos levam à vitória e não à
destruição, para uma posição firme e não à queda?
Os
versículos abaixo revelam que a resposta é vigilância, oração e dependência
ativa do Senhor. “Vigiai e orai, para que não entreis
em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” Mateus
26:41; “Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse: Orai, para que não
entreis em tentação.” Lucas 22:40; “O Senhor sabe livrar da provação os
piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia do Juízo.” 2 Pedro 2:9
Nosso foco
sempre deve ser nossa fraqueza e o poder de Deus. Ore diariamente para que o
Senhor o livre das tentações. Se elas vierem, que ele lhe dê forças para
superá-las.
3. A tentação
busca vencer você
A tentação
não é inativa, mas ativa. Ela não foge de você – procura “vencer” você.
Experimentar uma tentação é sentir-se “vencido”: “Aquele, pois, que cuida estar
em pé, olhe que não caia. Não veio sobre vós tentação...”
Mesmo nas
atividades mais espirituais, as tentações podem adiantar-se e envolver você com
poder e persistência. As palavras usadas por Paulo, “veio sobre”, dá
ideia de alguém vindo sobre você rápida e inesperadamente, como um inimigo.
Paulo
ensina que a tentação é ativa e tem uma realidade quase independente. Ela
sobrevém – se abate, assalta e prende – e tenta nos pressionar até que
pequemos.
Você pode
notar, em todas as tentações descritas na Bíblia, bem como em sua própria
experiência, que quando você cede, ela deixa de existir. A tentação só existe
de um lado do pecado: antes de ele acontecer!
A tentação vem
antes de todo pecado. Se você derrotar a tentação, não cometerá o pecado!
4. A tentação que você experimenta nunca é única, mas é sempre comum
Sem
exceção, se você pecou repetidamente em determinada área, sempre conclui que as
tentações não são do tamanho “normal”, mas realmente incomuns e mais fortes,
Entretanto, qual é a verdade sobre elas? “Nenhuma tentação se abateu sobre
você, exceto aquelas que são comuns a todos os homens.”
Depois de
uma reunião em que falei sobre santidade pessoal para um grupo de homens, um
jovem me procurou, obviamente por convicção. Compartilhou que desejava grandes
mudanças em sua vida, mas enfrentava dificuldades. Logo revelou que vivia com
uma mulher e que tinha vivido com muitas outras nos últimos dez anos. Perguntei
porque não parava com seu estilo de vida imoral e profano. Ele respondeu que
desejava, mas não tinha forças diante das tentações sexuais.
Olhei para
ele e disse:
- Puxa,
seu apetite sexual deve ser realmente forte!
Ele
respondeu imediatamente:
- Bem...
fico feliz que você entenda. Meu apetite sexual é tão poderoso que a tentação
torna-se forte demais.
Assenti e
disse:
-
Provavelmente seu apetite é muito maior do que o dos homens normais.
Ele
enrubesceu de vergonha por ter sido descoberto e fez um sinal de assentimento.
Finalmente parecia que encontrara alguém que o compreendia – seu pecado não era
de fato sua culpa –eram aquelas tentações gigantescas que o atacavam.
Perguntei
se faria alguma diferença para ele se as tentações sobreviessem num tamanho
normal.
- Puxa! Eu
faria qualquer coisa para ter tentações normais. Finalmente seria capaz de
dizer “não” e parar.
Olhei ao
redor e percebi que a sala estava ficando vazia rapidamente, pois os homens
estavam voltando ao trabalho. Continuei:
- Então,
se suas tentações fossem iguais às de Chuck, Bob, Forest e dos demais homens, o
que você faria?
Ele
perguntou de imediato:
- Como
assim, o que eu faria? Em relação a quê?
- Em
relação a continuar com seu estilo de vida imoral e pecaminoso. Você obedeceria
ao Senhor e se afastaria desse tipo de vida? É claro, só no caso de suas
tentações sexuais serem do tamanho “normal”, como as de todo mundo.
Aquilo lhe
soou bem, de maneira que assentiu deliberada e alegremente. Era óbvio que ele
sabia a resposta. Ninguém podia resolver seu problema. Por que se preocupar?
Então,
pedi que lesse 1 Coríntios 10:13 em voz alta: “Não veio sobre vós tentação,
senão humana...”
Foi um
choque para ele ter de reconhecer que suas tentações eram absolutamente normais
e não eram diferentes das várias tentações que assolam a vida de todo homem.
Ele tinha
acreditado na mentira: “Sou impotente diante do tipo de tentação que enfrento,
e que ninguém mais enfrenta. Se minha tentação fosse ‘comum’, certamente eu
poderia resistir”. Apontei para outros homens que ainda permaneciam na sala e
lhe disse:
- Eles
enfrentam exatamente as mesmas tentações que você – só que eles dizem “não”,
enquanto você diz “sim”.
Nos
momentos seguintes, presenciei a luta daquele jovem contra a trágica mentira em
que sempre acreditara.
Essa
mentira o tinha enterrado sob o grande peso do auto-engano paralisante. Quando
a mentira foi confrontada pela luz da Bíblia, caiu impotente a seus pés. Com
lágrimas nos olhos, ele repetia:
- Minhas
tentações não são diferentes. Fui enganado. Vou me libertar hoje. Vou dizer não
às minhas tentações sexuais. Vou sair daqui... e caminhar em santidade.
A verdade
sempre os liberta; a mentira sempre nos prende em amarras. Se você está preso a
um pecado, é somente porque acreditou numa mentira.
Independentemente
de sua opinião a respeito das tentações que enfrenta – sobretudo aquelas que o
levam a pecar repetidamente –, a Bíblia ensina que elas não são em nada
diferentes das que todas as outras pessoas enfrentam. Pense nas mentiras que dizemos a nós mesmos:
• “A
tentação foi muito forte; não pude fazer nada!”
• “Sou
diferente, ninguém enfrenta tentações como as minhas!”
• “Faz
parte de minha herança familiar –meus ‘genes’ me obrigam a agir assim!”
• “Sempre
fiz isto – é tarde demais para parar agora.”
• “O diabo
me obrigou a fazer aquilo.”
• “Não me
preocupo com as tentações; sou forte.”
• “Não é
minha culpa; fui tentado além de minhas forças.”
• “Orei
sobre a tentação, mas não consegui parar.”
• “É culpa
de Deus; ele sabia que eu era fraco demais.”
• “Deixe
para lá – ninguém é perfeito.”
Se você lê
com atenção nosso versículo-chave (1 Co 10:13), logo notará que a ideia é: “Não
veio sobre vós tentação exceto aquela que é humana”.
O texto
não somente ensina que não existe tentação “incomum” com acrescenta uma verdade
mais profunda – a tentação que nos sobrevém é especialmente “comum”! Quando
você pecar, lembre que a tentação só pode ser tipo comum.
O sentido
literal de “humana”,neste versículo é “comum a todos os homens”. Toda tentação
é normal e, portanto, totalmente resistível. Como, então, podemos explicar como
“nos sentimos”quando formos assaltados por tentações “incomuns”? Talvez um pequeno
cão possa terá resposta.
Quando o
engano da tentação vem à luz, ela perde seu poder. A verdade sempre nos
liberta.
Levante a
cortina que cerca sua tentação e descobrirá duas verdades: primeira, sua
tentação é do tipo comum, que cresce como mato pela paisagem humana; segunda,
sua tentação é cheia de ar quente e desaparecerá no ar, quando você
simplesmente disser “não”.
5. Deus é fiel
e não permite que você seja tentado além de suas forças
Todas as
vezes que você acha que Deus não está por perto, certamente, dizem respeito aos
momentos em que é tentado a pecar!
A Bíblia,
porém, revela que o Senhor está diretamente envolvido em toda tentação. Ele não
as envia, mas se certifica de que você pode suportá-las sem ceder a elas. “Fiel
é Deus”, o texto afirma, “que vos não deixará tentar acima do que podeis”.
As
palavras de Paulo proporcionam um encorajamento maravilhoso e garantem a
esperança diante das tentações. Em vez de nos sentirmos “impotentes” nas
tentações, 1 Coríntios 10:12,13 nos assegura de que somos “auxiliados” em toda
tentação. Auxiliados pelo próprio Senhor Deus do universo.
Certifique-se
de que esta verdade está bem arraigada em sua mente. Em vez de evitá-lo quando
você está diante da tentação, o Senhor se aproxima de você para protegê-lo e
ajudá-lo. Ele está a seu lado, no meio da batalha, assegurando que você não
está sendo forçado a se submeter a nenhum tentação. O princípio anterior deixou
claro que toda tentação que você enfrenta é “comum” ou natural a todos os
homens. Esse princípio muda o foco, passando da “tentação” para aquele que está
sendo“tentado”.
Embora
toda tentação seja comum,as pessoas são bem diferentes umas das outras. Por
exemplo, um indivíduo pode ser tentado pela gula, outro pela pornografia, outro
pela fofoca e outro pela ira.
O que
representa uma tentação a uma pessoa pode não ser para outra. Por exemplo,
digamos que você e um amigo vão ao supermercado juntos. Você é tentado pela
gula, por isso trava uma luta nas gôndolas de doces, enquanto seu amigo
enfrenta um conflito diante das prateleiras de revistas. Será que você
enfrentará a mesma luta diante das revistas? Provavelmente não. Diferentes
tentações tentam diferentes tipos de pessoas.
Portanto,
posso enfrentar tentações que são comuns, mas, por ser extremamente fraco em
certa área, posso ceder e cair numa área em que você não cai. Neste versículo
(1 Co 10:13) o Senhor deixa clara a verdade sobre seu papel, protegendo
pessoalmente você das tentações que podem estar além de suas forças: Deus não
permitirá que você seja tentado além daquilo que pode suportar individualmente.
Portanto,
o Senhor coloca um regulador divino nas tentações, de acordo com sua capacidade
única de lidar com uma tentação específica. Imagine isso! Pense no que isso
significa, como o Senhor está intimamente comprometido com você e sua vitória
sobre as tentações! Nunca mais aceite a mentira de que Deus fica zangado ou se
afasta quando você está diante de tentações. Na verdade, ele se envolve
pessoalmente nas tentações. Deus desenha uma linha e ordena que a tentação
chegue até ali, mas não ultrapasse.
Por que o
Senhor estabelece essa linha, para você e para mim? Porque, se não o fizesse,
certas tentações literalmente nos subjugariam, e não seríamos capazes de dizer
“não”. Em sua sabedoria e onisciência, o Senhor estabelece o limite a toda
tentação abaixo de nossa capacidade de resistir e evitar o pecado. Portanto, em
sua vida passada, presente ou futura, o Senhor jamais permitirá que enfrente
uma tentação que não tenha condições de resistir.
Na tarde
em que escrevia este capítulo, fiz uma pausa e saí para caminhar pela
vizinhança, com minha esposa, Darlene. Enquanto andávamos, passamos por um
grande carvalho, que se elevava muito além de nossas cabeças. Ficamos
maravilhados com a força e a majestade daquela árvore, como tinha resistido
durante décadas a tempestades e ventos. Perguntei a Darlene se ela achava que
alguma tempestade pudesse derrubar o grande carvalho. Ela disse que sim,
pensando naqueles tornados incrivelmente poderosos, que destroem tudo o que
encontram no caminho.
Será que
existe alguma “tentação tornado” capaz de literalmente derrubar você,
destruindo seu forte compromisso com a santidade? Não.
O Senhor
nos protege e limita o poder de toda tentação. Embora Satanás possa facilmente
nos forçar a pecar, o Senhor limita sua liberdade para nos empurrar além da
“linha vermelha”, quando enfrentamos tentações.
Por que
acha que o Senhor intervém em seu favor centenas – talvez milhares – de vezes
durante sua vida?
Há três
palavras em nosso texto que respondem a essa pergunta:
“Deus é fiel”. Fidelidade significa permanecer firme, na afeição e na lealdade e
permanecer firme em manter as promessas feitas no relacionamento.
A fidelidade
inclui lealdade, constância e firme resistência a tudo aquilo que possa
resultar em traição e deserção.
Em que sentido
Deus é fiel, neste contexto?
Deus é
fiel a você.
Ele é fiel
à sua Palavra.
Ele é fiel
a seus propósitos.
Fiel às
suas promessas.
Ele é fiel à
justiça. Será que Deus seria fiel se ordenasse que você fosse “santo em todo o
seu procedimento” e ao mesmo tempo permitisse que as tentações forçassem você a
pecar, apesar de você fazer tudo o que estivesse a seu alcance para evitar o
pecado?
Dependa
totalmente dos limites soberanos impostos a suas tentações, pois o Senhor é
inabalavelmente fiel.
Entretanto,
o que acontece quando nós somos infiéis repetidas vezes e escolhemos pecar
quando tentados?
Obviamente
o Senhor deve ter um limite para sua fidelidade, dependendo do quanto somos
“fiéis” a ele, certo?
Em outras
palavra, a fidelidade de Deus tem limites? Leia 2 Timóteo 2:13: “Se somos
infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”.
Portanto,
a verdade sobre sua tentação é que o Senhor Deus nunca o deixará ou abandonará
diante das tentações. Ele sempre – em todas as circunstâncias e todas as vezes
– limita soberanamente as tentações, para que nunca ultrapassem sua capacidade
de dizer“não”.
Não é de
admirar que Deus nos diga para “sermos santos em todo o nosso procedimento” –
ele já providenciou tudo do que precisamos e limitou tudo o que não precisamos.
Algumas
implicações vêm imediatamente à tona com esta verdade:
Primeiro, Deus limita as tentações que enfrento de acordo com minha capacidade e
não a de outrem.
Deus não
limita minhas tentações de acordo com as forças dos outros cristãos, mas com as
minhas.
Independentemente
do que seja verdade em relação às tentações dos outros, você sempre tem a
certeza de que o Senhor tem a atenção voltada a você e sua capacidade.
Ele limita
soberanamente suas tentações, tendo apenas você em mente. Quer dizer que se
você e um amigo enfrentam uma tentação grande e inesperada, o Senhor a limitará
de forma diferente para cada um.
A mesma
tentação é limitada pelo Senhor, de acordo com as diferentes habilidades de
cada indivíduo.
Segundo, Deus limita a tentação, mas, não aumenta necessariamente nossa força.
Imagine
que está diante de um haltere de 200 quilos e tenta levantá-lo com todas as
suas forças, mas não consegue.
O que o
Senhor faz? Aumenta sua musculatura, por meio de um milagre? Não. A Bíblia não
ensina (em 1 Co 10:13) que “o Senhor é fiel e aumentará sua capacidade, para
que seja capaz de superar a tentação”. Ela diz que “Deus é fiel e não permitirá
que você seja tentado além de suas forças”.
Deus o
capacita a obedecer-lhe tirando pesos do haltere, até chegar a um peso que sabe
que você tem condições de levantar. Ele não aumenta sua força. Portanto, nunca
espere que o Senhor o fortaleça milagrosamente, mas sim que ele limite o peso
das tentações.
Depois que
você se afasta, outra pessoa se aproxima do mesmo haltere. Sabe o que o Senhor
faz por ela?
Terceiro, Deus limita as tentações de acordo com minhas habilidades em
diferentes situações.
Além de
sua habilidade de superar tentações ser diferente da de outros indivíduos, ela
muda de acordo com o que acontece em sua vida.
Digamos
que alguém próximo a você morreu, você teve sérios problemas financeiros e
esteve doente por um logo período. Você diria que numa situação dessa, sua
capacidade de resistir a tentações seria tão forte como é normalmente?
É claro
que não. Assim, sabe o que o Senhor faz?
Uma vez
que sua capacidade de resistir está bem reduzida, o Senhor limita ainda mais as
tentações. Qualquer que seja sua capacidade de resistir, em determinado momento
de sua vida, é ela que define o limite que Deus estabelecerá sobre a tentação.
Não sei
como você se sente em relação ao Senhor, ao compreender sua tremenda fidelidade
a você.
A
compaixão e a graça que Deus manifesta para comigo me deixam literalmente
maravilhado. Por isso o Senhor pode ordenar que sejamos santos em todo o nosso
procedimento. Ele assegura que sejamos capazes!
6. A tentação
sempre é acompanhada por um livramento providenciado por Deus
De todas
as revelações notáveis contidas nesses dois versículos, nenhuma toca mais do
que esta provisão divina:“Fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que
podeis; antes com a tentação dará também o escape...”
Depois de
considerar a primeira provisão de Deus, você pode sentir-se com eu: o que mais
Deus poderia fazer, além do que já fez? Entretanto, quando você medita neste
princípio que estamos vendo, talvez se sinta maravilhado por esta segunda ação.
A primeira
ação de Deus em face da tentação é a limitação: Ele não permite que você seja
tentado além de sua capacidade de suportar. A segunda ação de Deus em face da
tentação é a provisão: Ele providencia o meio de livramento.
A fidelidade
de Deus para conosco o estimula a tomar duas atitudes diferentes.
Primeiro, não permite que nenhuma tentação supere nossa capacidade de resistir; segundo,
nos providencia o livramento, para que possamos escapar da tentação sem pecar.
Diante da
tentação, o Senhor diz “não!” para ela e “sim!” para você. Seu propósito
supremo é sua vitória total e completa sobre toda tentação, sem cair no menor
pecado.
Assim como
ocorreu com Cristo, em toda a sua vida, todos nós experimentamos inúmeras
tentações.
Como
Cristo, somos chamados a resistir às tentações e ser “sem pecado”.
“Porque
não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
antes, foi ele tentado em todas as coisa, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4:15).
Jesus foi
tentado da mesma maneira que nós somos, mas sempre disse “não”. Sempre escolheu
o livramento de Deus.
Estude
essas palavras com atenção: “Antes, com a tentação, dará também o escape...”.
A
introdução “antes” leva a um contraste inesperado com o comentário anterior.
Deus limita nossas tentações, mas também proporciona o livramento. O fato de a
tentação ser limitada não significa que podemos nos livrar dela. O que aconteceria
se todas as rotas de fuga fossem bloqueadas por nosso perverso inimigo?
Pergunta: Com que frequência Deus providencia o livramento?
Resposta: Com cada tentação, Deus providencia o livramento.
Em outras
palavras, um novo livramento é elaborado por Deus “com a tentação” que você
enfrenta.
Livramentos
passados, que funcionaram em outras situações, não serão de nenhuma ajuda
quando você está acuado à beira do abismo.
Cada tentação
é diferente, e por isso o livramento também tem de ser diferente. Deus não
“encontra” um livramento para você; ele “elabora” um livramento.
Quer
dizer, quando a tentação tenta derrubá-lo, Deus, em sua soberania, inventa e
depois cria uma “rota de fuga segura” para que você escape.
Se você
ainda duvida se o texto fala de um livramento literal, leia novamente e note
que a Bíblia utiliza artigo definido antes de “escape” e não o indefinido.
O
versículo não deixa uma ideia vaga, que junto “com a tentação” talvez haja um
escape, mas diz que “com a tentação” haverá também “o escape”.
A rota de
fuga é providenciada por Deus de forma sobrenatural, para sua tentação natural.
Deus intervém na tentação e providencia pessoalmente “o escape”.
A palavra
“escape” dá a ideia de uma passagem secreta entre as montanhas. Imagine um
exército emboscado entre as montanhas, sem nenhuma rota de fuga; subitamente
encontram uma passagem estreita e todo o exército foge por ela, sem nenhum
dano.
Veja como
o apóstolo Pedro descreveu o ensinamento de Paulo: “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos...” (2 Pe 2:9, ARA).
A
aplicação prática literalmente salta sobre nós. Quanto Deus é fiel a nós diante
das tentações?
Totalmente
fiel. Ele limita e providencia. Não permite que a tentação prevaleça, mas intervém
providenciando um livramento único e original.
Quanto
mais a verdade sobre a tentação torna-se clara em seu coração, mais o
mandamento “tornai-vos santos... em todo o vosso procedimento” mostra-se
absolutamente realista.
7. A tentação
não pode ir além do que você pode suportar
Esse
princípio final demonstra o coração de Deus em seu envolvimento em nossas
tentações.
Ele busca
uma Igreja santa e por isso possibilita a santidade em todas as situações
imagináveis. Como você já viu, o Senhor limita e providencia, capacitando você
a “suportar”. “Fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis;
antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”
(ARC).
A maior
mentira relacionada à tentação é: “Não posso dizer ‘não’ a esta tentação, não
importa quanto me esforce”.
Você sabe
que isso não pode ser verdade, do contrário o Senhor seria totalmente infiel.
Nunca mais aceite esta mentira que derrota, porque no momento em que você a
acalenta, mesmo por um segundo, já começa a escorregar em direção do pecado.
Como você
já entendeu, a Bíblia ensina abertamente que, seja qual for a tentação, você
sempre será capaz de suportá-la sem ser forçado a pecar. Não quer dizer que
sempre será fácil permanecer firme – nem sempre será.
Jesus
encarou a mais difícil de todas as tentações. Note o nível de sua luta: “Considerai,
pois, atentamente, aquele [Jesus] que suportou tamanha oposição dos pecadores
contra si mesmo... na nossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido
até ao sangue” (Hb 12:3,4).
Talvez em
algum momento de sua vida você enfrente tentações tão ferozes que terá de
“resistir até ao sangue”.Se isso acontecer, lembre-se de que o Senhor não
permitirá que a tentação vá além do que você pode suportar.
Sempre há
o livramento, mas o Senhor pode não revelá-lo rapidamente, ou mesmo quando você
pede. Em muitos casos, o livramento está bem diante de nós – como “foge das
paixões”, o que significa que o livramento está nos pés, movendo-nos na direção
oposta! Outras vezes, porém, o livramento exige “resistência” total mesmo até a
morte física. A verdade fundamental é que o mais importante é permanecer firme
contra a tentação ao pecado. Mesmo que isso signifique a morte. O “livramento”
para muitos cristãos que sofrem martírio em toda a história, e mesmo
atualmente, foi permanecer firme diante da tentação mais ameaçadora, com risco
da própria vida.
Embora
muitos tenham sacrificado a vida, outros que conheciam a Cristo e seu chamado
correram para as trevas, negando o Senhor que os redimira, apara salvar a
própria vida. Você sabe qual foi a mentira que ouviram e abraçaram?
“Não posso
resistir – é difícil demais”. Meu amigo, mesmo a morte não é difícil demais,
porque o Senhor jamais permitirá que alguma tentação exceda sua capacidade de
resistir sem pecar. Aqueles que cedem o fazem somente porque acreditaram na
mentira.
Enquanto você
está sendo tentado, sempre é capaz de resistir –permanecendo santo em todo o
seu procedimento.
Blog: IBA
Fonte: SANTIDADE PESSOAL EM TEMPOS DE
TENTAÇÃO, Bruce H.
Wilkinson - São Paulo: Mundo Cristão, 2002